Curva do esquecimento: dicas para melhorar a memorização dos conteúdos

É possível que você já tenha ouvido falar sobre a curva do esquecimento do psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus (1850 – 1909). 

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Mas, se nunca tiver entrado em contato com o tema, sem problemas. Estamos aqui para destrinchá-lo e, claro, apresentar dicas para você driblar essa dificuldade e melhorar a memorização dos conteúdos estudados.

Saiba que a curva do esquecimento é um fenômeno natural da mente humana, que afeta a todos nós. Enquanto lê este artigo, você está sendo impactado por ela. É possível que já tenha esquecido parte do que leu ou ouviu no dia de hoje, inclusive.

Justamente por isso, é preciso lançar mão de boas práticas na rotina que ajudem a deixar a memória, digamos, mais afiada. É como se treinássemos o nosso cérebro para aprimorar a retenção de informações.

Então, continue conosco e descubra o que é a curva de esquecimento, por que tal fenômeno acontece e o que fazer para remediá-lo.

Boa leitura!

O que é a curva do esquecimento?

A curva do esquecimento indica que, quanto mais o tempo passa, maior é a tendência de as informações com que entramos em contato serem perdidas, caso não haja um esforço para retê-las.

O conceito foi criado em 1885 por Ebbinghaus, cuja teoria procura identificar o padrão de esquecimento, ao longo do tempo, das informações novas que assimilamos.

O que isso quer dizer na prática? Bem, que caso você não revise os conteúdos que estudou várias vezes, esta memória será perdida progressivamente, com o passar das horas, dias, semanas e meses.

Para que você tenha uma ideia: em condições normais, ao assistirmos a uma aula no início do dia, tendemos a lembrar, em média, de 75% do conteúdo apresentado nela quando chegamos ao fim do dia

Em cerca de 24 horas depois, seremos capazes de recordar apenas 50% do conteúdo (em alguns casos, ainda menos, em torno de 25%). Passados 30 dias, lembraremos apenas entre 3 e 5% do que vimos nesta mesma aula.

Portanto, a curva do esquecimento representa um grande obstáculo para estudantes que precisam reter muitas informações. 

E essa é uma necessidade recorrente, sobretudo para aqueles que prestam concursos ou precisam, por exemplo, passar por testes como o Exame OAB para começar a exercer as suas atividades profissionais.

Por que a curva do esquecimento acontece?

Agora que você entendeu o que é a curva do esquecimento, é possível que esteja se perguntando por que esse fenômeno acontece. É o que explicaremos agora! 

Bem, a curva do esquecimento ocorre porque o cérebro não entende que é preciso registrar informações que não serão usadas.

Isso quer dizer que, quanto menos um conteúdo for visto, mais irrelevante ele acaba se tornando para o cérebro, que procura evitar uma sobrecarga de informações desnecessárias. 

Considere que, se isso não acontecesse, provavelmente ficaríamos esgotados mentalmente, diante do excesso de informações acumulado.

Naturalmente, há conteúdos que não desejamos eliminar. Sendo assim, é nosso papel indicar ao cérebro que determinadas informações são importantes e devem ser fixadas. 

Para tanto, precisamos estimular a memória durante o processo de aprendizagem, por meio de um planejamento de revisões contínuas.

Como driblar a curva do esquecimento?

Você já percebeu que a curva do esquecimento impacta todos nós. Mas o que fazer para contorná-la?

Antes de mais nada, considere que uma informação recém-adquirida permaneça “fresca” na sua memória por um determinado período de tempo.

Sendo assim, para fixar o aprendizado e mantê-lo na memória de longo prazo, é preciso realizar revisões estratégicas. Caso contrário, o seu cérebro descartará rapidamente as informações.

A velocidade de esquecimento, de acordo com o psicólogo Hermann Ebbinghaus, depende de uma série de fatores. Eles podem abranger desde a dificuldade do objeto de estudo até questões relacionadas à saúde mental dos estudantes, o que inclui ansiedade e estresse, por exemplo. 

O psicólogo indicou, no entanto, que a informação pode ser mais facilmente lembrada quando é construída por meio de informações que já conhecemos.

Está aí a importância de relacionar conhecimentos teóricos a situações do seu dia a dia. Este é, inclusive, um dos pilares da aprendizagem significativa, em que o aluno expande e atualiza os seus conhecimentos prévios, atribuindo novos significados a eles.

O que Ebbinghaus concluiu é que o conhecimento pode ser fortalecido a partir de revisões repetidas, como já explicamos.

O nosso cérebro possui um fluxo para o processamento de dados que opera do seguinte modo:

  • Codificação da informação;
  • Armazenamento;
  • Recuperação.

Diante disso, é preciso trabalhar em ações que considerem cada uma delas. 

Veja algumas dicas a seguir!

Autorregulação da aprendizagem

Você conhece o conceito de autorregulação da aprendizagem? Trata-se de um processo de estruturar, monitorar e avaliar o próprio aprendizado. Ele está associado à melhor retenção do conteúdo e desempenho acadêmico.

Deste modo, você, enquanto estudante, planeja as suas etapas de estudo de modo que tenha condições de avaliar depois o processo como um todo e verificar o que funciona e o que não funciona para você.

Confira o passo a passo deste processo:

  1. Delimitação de necessidades: hora de identificar quais são as suas necessidades de aprendizado.
  2. Planejamento das etapas de estudo: com as necessidades delimitadas, é o momento de estruturar quais serão as prioridades de estudo e definir um plano de ação, considerando a melhor forma de aprender o conteúdo.
  3. Cumprimento das etapas definidas: esse passo é autoexplicativo, certo? Você deve garantir que as etapas planejadas sejam cumpridas e, caso necessário, realizar alterações ao longo do processo.
  4. Avaliação do planejamento e aperfeiçoamento: cumpridas todas as etapas, é o momento de avaliar o aprendizado e identificar possíveis melhorias para os próximos planejamentos.

Abordarmos aqui o conceito de autorregulação da aprendizagem justamente porque ele trata o processo de aprendizado como um evento que não deve ser único ou estruturado de uma única maneira.

É preciso inovar e criar modos diferentes para abordar um mesmo assunto, utilizando os recursos que mais favorecem o seu aprendizado individualmente. 

Segundo a pirâmide de aprendizagem criada pelo psiquiatra norte-americano William Glasser (1925 – 2013), aprendemos cerca de:

  • 10% lendo;
  • 20% ouvindo;
  • 30% vendo;
  • 50% vendo e ouvindo;
  • 70% debatendo;
  • 80% praticando;
  • 95% ensinando a outros.

As porcentagens trazidas por Glasser sofreram críticas no meio pedagógico posteriormente, mas ainda servem para mostrar que métodos de estudo mais ativos têm maior potencial de retenção do conhecimento.

Procure, portanto, diversificar esses meios em seus estudos e revisões, para garantir uma assimilação mais eficiente e eficaz dos conteúdos.

Falando em revisões, vamos a elas!

Repetições espaçadas

O termo vem do inglês, spaced repetitions, e faz alusão a uma forma de driblar a curva do esquecimento a partir de repetições programadas em espaços temporais.

Voltando a Ebbinghaus, ele identificou em seus estudos que as revisões realizadas em espaços de tempo ajudavam as pessoas a se lembrar do que foi visto antes. 

Ou seja, é uma boa ideia criar um fluxo de revisões, começando já no dia seguinte ao do estudo inicial, como no exemplo a seguir:

  • Primeira revisão: dia seguinte após o primeiro contato com o conteúdo;
  • Segunda revisão: três dias depois;
  • Terceira revisão: sete dias depois;
  • Quarta revisão: 15 dias depois.

E assim por diante.

Desta maneira, a informação assimilada se torna cada vez maior a cada revisão, remediando a curva do esquecimento.

Enquanto assiste a uma aula, lembre-se sempre de anotar os tópicos-chave que estão sendo estudados, de que modo que eles sirvam de material de apoio para as suas revisões.

Estabeleça horários para essas revisões em sua rotina, fazendo com que elas se tornem uma prática natural no seu dia a dia. Por isso, a gestão do tempo é essencial.

Falando em rotina, como anda a sua?

Crie uma rotina eficiente e defina horários de estudo

O seu plano de estudos precisa se adequar à sua rotina sem deixar de lado outras atividades, como os momentos de trabalho, refeições, lazer e, claro, descanso.

Procure criar um cronograma com os horários das aulas, sejam presenciais ou a distância.

Após as aulas, busque organizar as anotações, de modo que possam ajudar você com as revisões realizadas posteriormente.

Preveja também horários para mergulhar mais fundo nos assuntos vistos em aula, ou seja, realizar as repetições espaçadas.

Elas não precisam se limitar à leitura dos tópicos anotados. Você pode estudar a partir de conteúdos digitais, debates com colegas, construção de fluxogramas, entre outros meios.

Tenha um ambiente adequado para estudar

O ambiente mais adequado para estudar é aquele em que você se sente confortável. Não importa se é um escritório, um espaço desocupado ou um local compartilhado.

O importante é que o recinto mantenha o seu cérebro longe de distrações e concentrado no material de estudo.

Uma dica é evitar espaços onde haja influências externas, como aquelas vindas de aparelhos de TV, ou mesmo, em que sejam constantes outros barulhos que atrapalhem os seus estudos. Fique longe também de ambientes com calor intenso e coisas em geral que te desconcentram do foco principal.

Durma bem!

O sono influencia diretamente na produtividade dos estudos. É este momento de descanso que cria conexões entre as informações em nosso cérebro que não são tão óbvias enquanto permanecemos acordados. 

Ou seja, ele ajuda a organizar os conteúdos com que entramos em contato, além de inspirar a criatividade e ajudar na resolução de problemas.

De forma geral, dormir é uma atividade fundamental para manter o nosso corpo saudável. 

Se não tivermos um período de sono adequado, certamente nos deparamos com desgaste físico, diminuição de nossas capacidades cognitivas, aumento dos níveis de estresse e ansiedade, assim como redução da capacidade de defesa de nosso sistema imunológico.

Até aqui, ficou claro que noites mal dormidas impactam diretamente nos estudos e na capacidade de absorção de conteúdos, certo? 

Há, inclusive, estudos que indicam que pessoas que dormem oito horas diariamente conseguem realizar tarefas com maior agilidade, em comparação àquelas que não dormem adequadamente.

Tudo isso tem tudo a ver com a curva do esquecimento, uma vez que uma boa qualidade de sono deixa a mente apta a receber novas informações e memorizá-las mais facilmente.

Não se esqueça dos exercícios físicos

Além do sono, outro ponto fundamental para aumentar a capacidade da memória, melhorar a concentração e ainda preparar o corpo para longas maratonas de estudos é a realização de exercícios físicos.

Eles liberam substâncias que aumentam a sensação de bem-estar, diminuem o estresse, ajudam no controle da ansiedade e melhoram a qualidade do sono (o tema do nosso tópico anterior!).

A prática de atividade física contribui para a melhora das funções cognitivas, estimulando as funções cerebrais e otimizando o desempenho da memória.

Modalidades como pilates e ioga ajudam também a se trabalhar os níveis de concentração, sendo consideradas exercícios tanto para o corpo quanto para a mente.

Você provavelmente já ouviu sobre a tal liberação de endorfina, principal responsável pela sensação de bem-estar gerada por exercícios físicos. 

A endorfina é um hormônio liberado pelo corpo durante a realização de atividades físicas, que ajuda as pessoas a se sentirem mais relaxadas, alegres e, até mesmo, descansadas. Assim, os estudantes garantem muito mais energia para se voltar aos estudos.

Então, para contornar a curva do esquecimento, não deixe de se voltar também à prática de exercícios físicos. Para isso, encontre uma modalidade com que tenha mais afinidade e chame os amigos para se exercitar com você.

Conclusão

Neste artigo, você viu que esquecer é um processo natural do cérebro. Deste modo, cabe a você contornar a curva do esquecimento a fim de fixar e reter as informações estudadas em sua memória de longo prazo.

Como foi explicado, a curva do esquecimento atua de forma mais incisiva nas primeiras horas depois de você entrar em contato com um novo conteúdo. 

Por isso, o mais recomendado é realizar revisões em períodos espaçados, em vez de fazê-las várias vezes seguidas no mesmo dia do estudo.

Aliás, tenha autonomia em seu processo de estudos, já que apenas você pode saber como está a sua situação atual e se existe ou não necessidade de alterar a forma como anda estudando atualmente.

Lembre-se de que a aprendizagem é um processo, e não um evento único e definitivo. Sendo assim, tenha um método de estudo que facilite o momento de revisar os conteúdos. Não se esqueça deste mantra: revisar fará com que você ganhe tempo!

Portanto, crie um cronograma inteligente de revisões dos conteúdos estudados. E nada de deixar de lado o descanso e a realização de atividades físicas!

Esperamos que tenha gostado deste conteúdo! Ele foi produzido pelo Blog Saraiva Educação.

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