De tempos em tempos surge uma nova expressão para dar conta das mudanças comportamentais no ambiente de trabalho. Por mais incomuns que possam parecer, elas indicam uma tendência dos colaboradores e servem como um alerta para as empresas entenderem com o que estão lidando e o que fazer para transformar esse cenário. Atualmente, uma ideia que tem ganhado destaque é o “grumpy staying”.
A palavra “grumpy” é uma expressão em inglês que pode ser traduzida como “mau-humorado”. Com isso, o significado do conceito é algo como “ficar, mas de mau humor”. Esse é o contexto da nova onda de comportamento dos colaboradores descontentes com o trabalho atual, mas que permanecem em suas funções, mesmo que contrariados.
Além de afetar a relação com colegas e gestores, essa condição atrapalha o desenvolvimento do profissional e tem relação direta com os resultados obtidos pela empresa. Mas esses sinais não acontecem à toa, e existem alguns motivos para o profissional optar por esse comportamento. Por isso, neste texto vamos explicar porque isso acontece e como evitá-lo.
Novos comportamentos profissionais
Na pandemia, muitos profissionais repensaram suas carreiras, seu estilo de trabalho, e passaram a buscar outras formas de trabalhar. Alguns simplesmente decidiram abrir mão de empregos formais e adotar novos estilos de vida, no processo que ficou conhecido como “epidemia de demissões”.
Já outros passaram a buscar mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional, se mudando para outras cidades e adotando o home office. Mas o período também deixou evidente que muitos estavam se sentindo pressionados, trabalhando horas excessivas e acumulando tarefas, o que eventualmente ocasionou crises de ansiedade e burnout.
Com isso, um novo processo começou a tomar forma, chamado de “quiet quitting”. Insatisfeitos, mas sem conseguir novas oportunidades, os profissionais passaram a diminuir sua dedicação, o ritmo e a qualidade do trabalho. Segundo pesquisas recentes, 59% dos dos trabalhadores estão passando por esse processo.
A etapa seguinte foi o chamado “loud quitting” que, ao contrário do desejo silencioso de se desligar da empresa, indicava uma insatisfação vocalizada pelos profissionais, que não se envolviam mais nas tarefas diárias.
O “grumpy staying”, então, é mais uma consequência, onde os profissionais permanecem em seus empregos, mesmo que contrariados. Mas, seu comportamento negativo implica no famoso mau-humor, e comentários negativos constantes sobre a gestão, salários e outros aspectos que geram insatisfação.
Mas, esse comportamento, embora não seja produtivo e gere até conflitos com colegas, não surge à toa. Em geral, ele é consequência de má gestão, dificuldade de comunicação com as lideranças, falta de objetivos claros e de perspectiva de crescimento – seja de cargo, seja financeira.
Além disso, eles enfrentam dificuldades em encontrar novas oportunidades no mercado de trabalho, o que aumenta a sensação de insatisfação.
Como mudar esse cenário?
É claro que esse comportamento não é bom para ninguém mas, como falamos, o profissional que está passando por isso possivelmente se encontra pressionado e com excesso de trabalho.
Por isso, existem algumas atitudes que a empresa pode tomar para mudar esse cenário. Confira:
Tenha uma comunicação positiva
Mesmo que algumas insatisfações dos colaboradores não sejam fáceis de resolver, é importante manter uma boa comunicação e mostrar para eles que sua opinião é válida. Tente chegar à raiz da questão e ver quais são os pontos de reclamação mais críticos para as equipes. Claro que, depois de ouvir, a empresa precisa buscar soluções viáveis para essas questões.
Parte dessa insatisfação pode estar relacionada a problemas, por exemplo, com líderes diretos, ou até mesmo por questões pessoais. Ouvir é importante, mas é preciso também praticar a empatia e fazer o possível para compreender as dores dessa pessoa.
Busque soluções
Dentro das maiores reclamações, quais são as questões que podem ser melhoradas? Digamos que a empresa não tem orçamento para oferecer um aumento no momento, então pode propor uma redução das horas trabalhadas.
Outra possibilidade é oferecer flexibilidade, seja na hora de definir as férias, seja durante a semana, e até oferecendo mais ou menos dias de home office, de acordo com a necessidade de cada um.
Crie um plano de carreira
Uma das melhores formas de mudar a mentalidade dos colaboradores é deixar claro para eles que seu trabalho faz a diferença e ajudá-los a perceber que podem se desenvolver na organização. Conseguir visualizar as oportunidades de crescimento ajuda a engajar os profissionais que se sentirão mais motivados e poderão sair desse comportamento.
Invista em desenvolvimento profissional
É possível que esses profissionais se sintam estagnados e sem perspectiva, portanto uma forma de mostrar para eles que devem continuar se dedicando é investir em seu desenvolvimento profissional. Invista em sua educação com uma especialização, por exemplo. Com a promoção de pós-graduação disponível em nossas instituições, fica mais fácil – e econômico – apostar no seu desenvolvimento profissional.
Treine os líderes
O “grumpy staying”, assim como as outras tendências de comportamento profissional, estão altamente relacionadas a má gestão e problemas de comunicação entre as equipes e os gestores. Treinar bons líderes pode mudar esse cenário, já que as características acima devem ser prioridade e profissionais preparados estão mais equipados para lidar com as insatisfações, bem como propor soluções.