O sono e a sua influência no estado cognitivo, emocional e comportamental das pessoas

Hoje, vamos entender um pouco mais sobre o sono e a sua influência no estado cognitivo, emocional e comportamento das pessoas.

Em nosso cotidiano não é incomum observar pessoas com dificuldade para dormir, muitas vezes em consequência da ansiedade gerada pelas pressões do dia a dia e preocupação excessiva e negativa em relação ao futuro. A cidade também não dorme, principalmente, nas grandes metrópoles: fábricas focadas na produção e empreendimentos voltados para o entretenimento levam os funcionários a trocar a rotina de horários de sono da noite pela soneca do dia.

A pessoa que não dorme a quantidade de horas suficientes ou apresenta um turno de horário contrário acaba ficando sujeito à perda de memória, quadro de maior irritabilidade, dificuldade de atenção concentrada, fala arrastada e até alucinação, diminuição e danos cerebrais. A privação de sono também pode aumentar a temperatura cerebral, motivo pelo qual alguns estudiosos relacionam o ato de bocejar ao resfriamento do cérebro. Mas porque isso acontece?

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Os resíduos do cérebro durante o sono são transportados para o fluido cerebrospinal e distribuídos para outras partes do corpo, onde são eliminados. Além dos neurônios, também temos as células gliais que executam várias atividades com a finalidade de oferecer suporte ao cérebro. As chamadas micróglias atuam na defesa e manutenção do cérebro saudável ao fagocitar os invasores e as células mortas ou com defeitos que precisam ser eliminadas.  É um período de limpeza, de faxina do cérebro.

O astrócito é outra célula de apoio, que possui dentre outras funções a responsabilidade de destruir algumas sinapses no cérebro para permitir outras no cérebro. As sinapses são as ligações entre os neurônios realizadas com a finalidade de transmitir e armazenar informações, como a memória e o raciocínio. É à noite que os astrócitos abrem caminho para as novas informações ao substituírem estas ligações, pois é quando a atividade corporal está menor.

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Em estudo publicado no periódico Journal of Neuroscience com alguns grupos de camundongos separados em diferentes padrões demonstrou que o grupo de camundongos privados do sono não conseguiu realizar uma limpeza eficiente no cérebro. Neste caso a faxina ocorre com o cérebro acordado mesmo, entretanto, ela se dá de modo caótico e confuso, podendo eliminar também células saudáveis por engano durante o processo.

Observou-se também que nos grupos de privação do sono, as micróglias e os astrócitos também agem em maiores e mais antigas sinapses do cérebro associadas geralmente com o armazenamento das informações e memória. Nos grupos com sono regular as sinapses novas e menores ocorreram de modo a transmitir as informações de menos relevância, que acabamos esquecendo e dando lugar às novas aprendizagens.

Os resultados do estudo preocupam porque estudos anteriores já associavam as atividades desreguladas de micróglias com as demências. Durante o sono enquanto o corpo descansa o cérebro continua em plena atividade, a ponto de em repouso produzir energia suficiente para acender uma lâmpada de 25 watts. Portanto, com o objetivo de possibilitar qualidade de vida e prevenir problemas futuros torna-se fundamental o cuidado com a regularidade do sono a fim de preservar da melhor forma possível o cérebro e suas potencialidades.

Autora: Marisa Martin Crivelaro Romão

Revisão: Cristiano da Rosa

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