Ser apaixonado pela profissão é fundamental para o sucesso?

“Trabalhe com o que você ama e não precisará mais trabalhar na vida”. Essa frase do pensador e filósofo Confúcio é muito famosa e usada de exemplo para mostrar como ser apaixonado pela profissão é importante para o sucesso e bem-estar. Porém, será que esse amor pelo trabalho é realmente essencial?

A palavra “paixão” é um substantivo feminino que significa “sentimento intenso que possui a capacidade de alterar o comportamento, o pensamento”. Mas nem todo mundo se sente apaixonado pelo o que faz. Então, como compreender essa ideia? 

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Assim como diversos outros sentimentos, a paixão chega e vai embora. Você pode um dia ter amado o que faz e, com o tempo, se sentir saturado e mudar de ideia. Ela não é uma verdade incontestável e pensar que ela deveria ser realidade pode deixar muitos profissionais frustrados. 

A paixão está sempre presente no trabalho?

Segundo uma pesquisa realizada em 2018 pelo consultor de carreira Fredy Machado com mais de 300 profissionais, de 21 estados brasileiros e com faixa etária entre 26 e 60 anos de idade, 90% das pessoas estão infelizes em seus trabalhos. 

Desse percentual, 36,52% dos profissionais estão infelizes com o trabalho que realizam e 64,24% desejam fazer algo diferente do que fazem hoje para serem mais felizes. O descontentamento, de acordo com o autor do estudo, é causado principalmente porque muitas dessas pessoas escolheram a profissão muito cedo ou através de imposição dos pais e familiares.

Isso mostra que, na maioria das vezes, a paixão não está presente no trabalho. Ter essa premissa faz com que se desperdice oportunidades e recursos em busca de algo que pode se encontrar com o passar do tempo ou de outras maneiras.

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Steve Jobs, criador da Apple, é um exemplo de defensor do tema. Ele acredita que é preciso, sim, trabalhar com aquilo que se ama. “A única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que faz. Se você ainda não encontrou, continue procurando, e não se acomode”, disse em discurso durante a cerimônia de formatura da turma de 2005 da Stanford University, na Califórnia. O vídeo pode ser encontrado no YouTube. 

A questão é que Jobs dá esse discurso sendo uma pessoa de sucesso e criador de uma marca multimilionária. Antes da Apple, seu desejo era vender placas de circuito para uma loja de varejo e obter um lucro de US$ 1000. 

Já Terri Trespecio, estrategista de branding para a marca Martha Stewart, confessa em uma palestra TEDx Talks, cujo título é “para de procurar pela sua paixão”, que deixou de amar um trabalho que antes era o seu sonho. 

Segundo ela, se tratando de trabalho, você não deve apenas seguir suas paixões, “são as paixões que devem seguir você”. Ao se questionar sobre suas paixões, ela começou a vender joias e entendeu que esperar pelo emprego perfeito pode fazer com que percamos oportunidades que nunca estaríamos esperando, mas que é possível descobrir diversas paixões ao longo do caminho – relacionadas ao trabalho ou não. 

Mas, afinal, por que algumas pessoas amam sua profissão e outras não?

Foi a partir dessa pergunta que Cal Newport, professor de ciência da computação na Universidade de Georgetown, em Washington, decidiu pesquisar sobre o tema. Em 2010, ele passou a investigar profissionais que trabalhavam com aquilo que amavam nas mais variadas áreas – agricultores, músicos, roteiristas, investidores e programadores.

De acordo com sua tese, seguir uma vocação inicial não era exatamente o caminho mais preciso para amar o seu trabalho. “Essa premissa do faça o que você ama é muito sedutora, mas é falsa porque a maioria das pessoas não é programada para amar determinado tipo de trabalho”, diz Cal no livro “So Good They Can’t Ignore You”, em que publicou os resultados desse estudo. 

Ao analisar mais a fundo a realidade das pessoas que acabaram apaixonadas pela carreira, o professor percebeu que, na maior parte dos casos, o amor pela profissão acabava se desenvolvendo ao longo do tempo, conforme esses indivíduos passavam a moldar sua vida profissional de maneira significativa.

O que isso quer dizer? De acordo com o pesquisador, significa que o processo de construção seria, portanto, mais importante para fazer surgir essa paixão do que escolher uma carreira com base nessa suposta preferência – ou até mesmo influência dos pais ou familiares, como foi mencionado na pesquisa anterior. 

Cal ainda afirma que os motivos para uma pessoa se sentir insatisfeita com o trabalho são vários, mas é difícil que a satisfação venha dessa “inclinação preexistente”. A possibilidade de fazer o que ama acaba sendo limitada por condições, como financeira, por exemplo. 

Então se você não se sente apaixonado pela sua profissão, não se preocupe, ainda é possível chegar ao sucesso mesmo sem esse sentimento. Trabalhar com paixão, ou seja, motivado e com vontade, é diferente de amar o que se faz. Se o seu desejo é mudar de carreira, a dica é apostar em uma pós-graduação

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