Bem diferente do que muitos imaginam, a ergonomia não é uma ciência que estuda somente postura corporal ou maneira de se alocar os objetos em um posto de trabalho. Muito além disso, a ergonomia desenvolve campos complexos da atividade laborativa.
Vocês sabiam que existem as ergonomias cognitiva, física e organizacional? Estas buscam entender como o ser humano interage com os sistemas e elementos do trabalho, a fim de modificar esse ambiente, para o aumento do conforto, saúde, segurança e desempenho do trabalhador e, consequentemente, da organização.
Mas o que é Ergonomia Cognitiva? Qual seu foco de estudo? Bom, essa parte da ergonomia tem o objetivo de estudar os esforços mentais do trabalhador quando em atividade, quer dizer, quanto de sua carga mental é utilizada para solucionar ou realizar as tarefas prescritas pela empresa. Esse esforço demanda do trabalhador esforços de atenção, percepção e memorização.
Vamos pensar sobre a pandemia, em que tivemos que mudar o nosso jeito de nos relacionar com as pessoas e com máquinas. Começamos a nos habituar mais com trabalho remoto, aulas online e reuniões de trabalho por aplicativos e isso fez com que estivéssemos constantemente em contato com alguma tecnologia, como smartphone, notebook e outros.
Mas, para entender melhor essa relação, vamos voltar ao passado onde essas tecnologias não existiam: imaginem os pais de vocês quando saiam para trabalhar, chegavam ao posto de trabalho, assinavam o ponto, trabalhavam por 8 horas, lidavam com as máquinas, mas, após o término do expediente, iam para casa descansar.
Incrível, não é mesmo?
Hoje, com as tecnologias que nós temos, o trabalhador não para de trabalhar quando chega em casa. Os aplicativos de mensagens trouxeram várias facilidades, mas também essa possibilidade de cobrança ainda quando estamos no horário de descanso.
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Isso implica em uma maior carga mental/cognitiva para realizar as atividades, porque o trabalhador está em constante atenção. Por mais que o seu colega, ao enviar uma mensagem para você às 11 horas da noite pense: “é só uma dúvida”, aquilo traz uma série de sentimentos e gatilhos em você para poder tirar “só essa pequena dúvida”.
Podemos pensar, ainda em relação ao exemplo, que aquela dúvida demande a você, que já estava deitado, que se levante, ligue o computador, procure nas pastas os documentos necessários, e, após mobilizar todos esses esforços, envie o e-mail para o colega.
E você decide então, por já ter ligado o notebook, realizar determinada atividade que deixou para amanhã, mas aproveitou o ensejo para realizar hoje.
É claro que no mundo pré-pandemia situações como essa já existiam. Entretanto, pós-pandemia, isso se tornou mais recorrente e esse pequeno exemplo mostra como estamos em constante atenção em relação ao trabalho, mobilizando carga mental que, se não impormos limites, pode ser extremamente prejudicial.
Essa relação homem-máquina é o foco do estudo da Ergonomia Cognitiva. Ela avaliará se essa relação está trazendo excessos para o trabalhador, se há estresse, cansaço mental e se esses transtornos têm gerado impactos negativos, como desconforto, síndromes e transtornos ao trabalhador.
É possível verificar que um trabalho exaustivo, que demanda um grande esforço mental pode causar a fadiga desse profissional. Por essa razão, é extremamente importante, em tempos de pandemia, e pós-pandemia, impor limites às tecnologias e pensar mais na própria saúde!
Autoria: Renan Primo
Revisão: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
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