Você sabia que, cada vez mais, a liderança inclusiva tem se destacado na lista das soft skills reconhecidas pelo mercado de trabalho? Essa competência comportamental ganhou todos os holofotes nos últimos anos, o que faz todo o sentido. Afinal, ela está diretamente relacionada com a ascensão do ESG e da Diversidade & Inclusão.
Além disso, a pandemia também acelerou a valorização do bem-estar dos colaboradores, e consequentemente, a necessidade por gestores empenhados em garantir que todos sejam tratados de forma igualitária e humana. Atualmente, por mais que estejamos caminhando para dias melhores, já percebemos que essa tendência chegou para ficar.
O que é uma liderança inclusiva?
Felizmente, estamos vivendo em um momento de grandes mudanças positivas no mercado de trabalho. Cada vez mais as organizações reconhecem a necessidade de construir times diversos, além de compreenderem os problemas estruturais que dificultam o desenvolvimento profissional de pessoas com deficiência, mulheres, negros, pessoas da comunidade LGBTQIA+, pessoas em situação de refúgio e outras minorias sociais.
Aos poucos, as companhias começaram a assumir um papel transformador nesse aspecto e, hoje, os processos seletivos exclusivos para minorias e outros projetos para melhorar os métodos de recrutamento já são bem comuns.
Contudo, o trabalho para reduzir barreiras e conceber equipes diversas não pode parar na contratação. Ela é apenas metade do processo, porque, a partir dela, as empresas precisam garantir a inclusão dos novos colaboradores no ambiente de trabalho. E nem sempre esse processo vai ser fácil de ser conduzido.
Sendo assim, é aqui que o papel do líder inclusivo deve entrar. Sua responsabilidade é garantir que todos os profissionais recebam um tratamento humano e equitativo e tenham acesso às mesmas oportunidades.
Ademais, também é seu papel certificar que os colaboradores trabalhem em um ambiente acolhedor e consigam enxergar no gestor um parceiro, que está ali para impulsionar seu desenvolvimento e dar suporte em meio a eventuais adversidades.
Benefícios para o negócio
Esse movimento em prol da diversidade impulsionou uma série de mudanças na forma de liderar, mostrando que os gestores há muito tempo já deveriam ser mais empáticos, comprometidos com o bem-estar dos colaboradores e sua inclusão. Mas além disso, o desenvolvimento de líderes inclusivos também tem mostrado uma série de vantagens competitivas ao negócio.
Ainda em 2019, uma pesquisa da Harvard Business Review, revista de negócios da universidade norte-americana, revelou que times com uma gestão inclusiva têm “17% mais chances de relatar que possuem alto desempenho, 20% mais chance de dizer que tomam decisões de alta qualidade e 29% mais chance de falar que agem colaborativamente”, de acordo com matéria da publicação.
Ademais, a pesquisa também identificou que um aumento de 10% na percepção de inclusão em um time consegue reduzir a abstenção de colaboradores em quase um dia por ano, por profissional.
Com isso, dá para perceber que essa habilidade traz benefícios para todos, certo? Para o negócio, para o gestor e, principalmente, para os colaboradores.
Característica de gestores comprometidos com a inclusão
Já entendemos todos os benefícios e a teoria sobre incorporar a inclusão no dia a dia das empresas, mas como isso funciona na prática? Ou seja, o que um líder precisa ser e fazer para ser considerado um gestor inclusivo?
Ainda de acordo com a pesquisa da Harvard Business Review, existem seis traços de personalidade, ou comportamentos, que retratam as mais importantes características de um líder inclusivo. Saiba mais sobre eles a seguir, segundo as descrições da revista.
1 – Comprometimento visível
Para além de discursos bonitos, é necessário agir e mostrar que você está comprometido com a inclusão e em fazer dela uma prioridade, mesmo que isso signifique ser ousado e fazer o inesperado.
2 – Humildade
Uma das características da inclusão é entender que ela se baseia em relações de trocas, então ter modéstia, admitir erros e demonstrar vulnerabilidades aproximam o líder de sua equipe e ajudam a criar um ambiente colaborativo.
3 – Reconhecimento de vieses
Na mesma linha do tópico anterior, é preciso reconhecer que você possui vieses e julgamentos inconscientes, mas está trabalhando para reconhecê-los e mudá-los.
4 – Curiosidade sobre os outros
Líderes inclusivos mostram ter curiosidade sobre os profissionais de sua equipe, querem saber mais sobre eles, sabem ouvir sem julgar e pensam além, avaliando como as individualidades de cada um podem ser mais bem aproveitadas no time.
5 – Inteligência cultural
Já pensou em como é importante estar atento a outras culturas que coexistem ao seu redor? E saber como se adaptar e incluí-las é mais essencial ainda.
6 – Colaboração efetiva
Por fim, é necessário colaborar, de fato. Identificar problemas, valorizar a diversidade de ideias, garantir o bem-estar da equipe e criar um ambiente harmonioso.
O que fazer para se tornar um líder mais inclusivo?
Agora que você já sabe o que é um gestor inclusivo e todos os benefícios dessa soft skill, chegou a hora de aprender a desenvolver ou aprimorar essa habilidade. Separamos cinco dicas práticas, que você pode começar a colocar em ação hoje mesmo. Veja abaixo.
1 – Identifique seus vieses inconscientes
O primeiro passo para melhorar sua liderança é aceitar que, provavelmente, você ainda carrega muitos estereótipos sobre minorias. Frequentemente, esse julgamento prévio fica no nosso subconsciente, e nem mesmo percebemos o motivo por trás de certas atitudes e pensamentos.
São os chamados vieses inconscientes, tendências que moldam nosso comportamento de forma involuntária e podem, sim, ser modificadas. Para combatê-las, precisamos assumir uma postura ativa e comprometida para avaliar nossos próprios pensamentos, sem “dar uma colher de chá” e tentar justificar comportamentos enviesados.
Dessa forma, aceitamos que não somos perfeitos e ainda precisamos aprender muito sobre diversidade, o que abre uma série de oportunidades para ouvir e assimilar o novo. Afinal, ser humilde e reconhecer que se está longe de “saber tudo” é uma das características chave de um gestor comprometido com a inclusão.
2 – Saia da sua zona de conforto
Agora que você já entendeu que tem um longo caminho pela frente, chegou a hora de encará-lo. E para isso, nada melhor do que sair da sua zona de conforto. Se permita conhecer o novo, se expor a situações diferentes e conhecer pessoas de realidades distintas da sua, sejam elas de gênero, socioeconômicas ou de área de trabalho.
Leia também: Como sair da zona de conforto e crescer profissionalmente?
Além disso, mergulhe de cabeça em assuntos que ainda não domina, como as pautas do movimento LGBTQIA+, por exemplo, e use a literatura a seu favor com a possibilidade de conhecer histórias que se passam em ambientes completamente diferentes dos seus.
Quanto mais nos envolvemos com as diferenças – que podem estar na sala ao lado ou a um bairro de distância -, mais expandimos nosso conhecimento de mundo e entendemos o outro. Mas também é necessário estar disposto a ouvir.
3 – Desenvolva uma escuta ativa
Aqui, o “ouvir” vai além do mero ato de escutar. Desenvolver uma escuta ativa significa envolver todos os nossos sentidos para prestar atenção no outro, com foco e interesse no que está sendo dito, justamente para entender todas as nuances da fala e se aprofundar nessa realidade que tenta se conectar conosco.
4 – Invista em treinamentos de Diversidade & Inclusão
Atualmente, é possível encontrar diversos cursos livres e treinamentos para aprender mais sobre Diversidade & Inclusão. Ministrados por especialistas, são uma excelente oportunidade para confrontar ainda mais seus vieses inconscientes e se desafiar a encarar problemas que, talvez, você ainda não tenha reconhecido. Afinal, uma visão de fora sempre vai ser capaz de identificar aquilo que é difícil de admitirmos.
5 – Trabalhe suas habilidades de comunicação e empatia
Por fim, lembre-se que é preciso saber se comunicar e se colocar no lugar do outro para garantir uma liderança eficiente e humana, de fato. Dessa forma, é interessante priorizar essas duas habilidades como pontos de melhora daqui para a frente.
Leve em consideração que uma comunicação eficiente é essencial para um ambiente em que todos se entendem, e a empatia é capaz de guiar nossas ações ponderando todas as realidades envolvidas.
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