A diversidade e inclusão têm se tornado temas centrais nas empresas, que visam um ambiente produtivo e com bom clima organizacional. Mas, embora ações para promover o acolhimento de minorias estejam em crescimento, ainda existe uma cultura que permite, por exemplo, o capacitismo no trabalho.
Portanto, mesmo que profissionais com deficiência física sejam integrados a uma organização, eles ainda estão mais propensos a enfrentar dificuldades no seu dia a dia devido à falta de respeito e preconceito com que são tratados.
Conquistar espaço no mercado de trabalho já é um desafio para esse grupo, visto que muitas empresas não os considera em processos seletivos ou está capacitada e adaptada para acolhê-los em seus espaços físicos.
Segundo dados do IBGE, apenas 28,3% das pessoas com deficiência estão inseridas no mercado atualmente. Além disso, seu rendimento médio mensal é de R$ 1.639, enquanto o de pessoas sem deficiência chega a R$ 2.619.
Segundo uma pesquisa do Grupo Croma que busca oferecer um panorama sobre a igualdade no Brasil, 62% das pessoas entrevistadas acreditam que há preconceito em contratar pessoas com deficiência.
Essa realidade mostra como é difícil se posicionar profissionalmente e, mais ainda, prosperar. Além das adversidades para conquistar uma vaga, o preconceito no ambiente de trabalho também traz impactos negativos.
Capacitismo no mercado de trabalho
A palavra “capacitismo” é específica para descrever o preconceito e violência sofridos por pessoas com deficiência, seja física, seja mental. Existem muitas formas dele ser praticado, desde as já citadas barreiras para conseguir um emprego, até a subestimação das habilidades profissionais e impedimento de seu crescimento.
Durante o processo seletivo, pode ocorrer de diversas formas, incluindo o subjugamento das capacidades dos profissionais. Outras situações classificadas como capacitismo incluem comentários “inocentes”, como demonstrar surpresa ao vê-los concluindo uma tarefa como qualquer outra pessoa, até deboches e ofensas.
Mesmo as pessoas que não se consideram preconceituosas podem ter dificuldade para lidar com quem tem deficiência, demonstrado, por exemplo, zelo excessivo.
A falta de acessibilidade também é uma questão importante, pois muitas empresas não estão preparadas para receber pessoas com deficiência, e não contam com as ferramentas adequadas, ou a adaptação necessária no espaço.
Legislação brasileira
O Estatuto da Pessoa com Deficiência foi formalizado em 2015, com o objetivo de “assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”, segundo o texto.
Dentre as determinações da lei, é considerado discriminação toda forma de distinção, restrição ou exclusão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
Ou seja, as empresas que não estão adequadas ou ainda que permitem o capacitismo no ambiente de trabalho podem ser enquadradas na legislação e penalizadas com multas ou até mesmo reclusão.
Como evitar o capacitismo no trabalho?
Promover a inclusão e acabar com discursos preconceituosos e excludentes começa com o diálogo. As organizações precisam manter uma comunicação eficiente com as equipes, e buscar formas de garantir que todos tenham oportunidades. Veja como promover um ambiente mais igualitário e sem capacitismo nas empresas:
Promova treinamento para as equipes
Ações como palestras e treinamentos ajudam a ampliar o conhecimento sobre a realidade de pessoas com deficiência, além de oferecer ferramentas para atuar de forma adequada. Esses ensinamentos ajudam as pessoas a perceberem pequenas microagressões que podem cometer no dia a dia, além de alertar para questões mais graves.
O conhecimento permitirá ainda que as pessoas trabalhem em equipe para desenvolver processos operacionais ou adaptações que servirão melhor esse grupo, permitindo que eles executem seu trabalho com eficiência.
Já o setor de Recursos Humanos e até mesmo os gestores e líderes podem buscar especializações, como uma pós EAD, que ofereçam um repertório mais completo, não só para lidar com as diferenças no ambiente de trabalho, mas também para atuar de forma ativa na construção de uma organização mais inclusiva.
Mapeie as barreiras para o desenvolvimento desse grupo
Especialmente para as lideranças, é necessário apontar quais são as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência no trabalho. Isso inclui características visíveis, como corredores estreitos e falta de rampas, e invisíveis, como a política e normas de trabalho.
A ideia é entender o que deve ser feito em cada situação, com o objetivo de oferecer conforto e segurança para que esses profissionais atuem.
Promova esses profissionais
Olhar para quem está dentro da empresa em busca dos próximos líderes é comum, mas o preconceito costuma afastar esse grupo dessas oportunidades. Inclua-os nas avaliações periódicas de forma que eles também tenham ferramentas para se tornarem líderes.
Acabar com o capacitismo no trabalho é um papel de todos os colaboradores que, juntos, devem trabalhar para promover um ambiente mais justo e igualitário.