Você já deve ter escutado que o mercado de trabalho está cada vez sofrendo com a escassez de profissionais qualificados, certo? Segundo a Pesquisa de Escassez de Talentos 2022, produzida pelo ManpowerGroup, a situação é muito preocupante no Brasil. Em 2022, o país superou a média global do índice de escassez, chegando à impressionante marca de 81%, 10 pontos a mais do que no ano anterior.
Por mais que o resultado global não seja animador, afinal, o índice atingiu 75% e é o maior em 16 anos, a diferença de 6% em relação ao Brasil acende um alerta. De acordo com o levantamento, o Brasil é o nono país com mais dificuldade para preencher vagas, e esse problema se mostra ainda mais comum em alguns setores específicos.
A categoria de Banco & Finanças lidera com 86% de escassez, TI & Tecnologia e Indústria chega a 84% e Educação, Saúde & Governo fica na casa dos 80%.
Deu para perceber que esse cenário é complicado, certo? A falta de talentos leva a um aumento das vagas que não são preenchidas, o que prejudica o mercado de trabalho como um todo e gera impactos no presente e no futuro.
Contudo, antes de abordar as melhores maneiras de resolver essa situação, vamos entender exatamente o que o termo significa.
O que é escassez de talentos?
Pode parecer estranho falar de ausência de talentos quando tantas pessoas estão em busca de um emprego, contudo, as duas situações estão curiosamente relacionadas.
Quando se fala da escassez de profissionais, o foco está na ausência de mão de obra qualificada, que possui as competências técnicas e comportamentais necessárias para assumir os desafios de uma vaga de emprego.
Ou seja, as empresas estão com dificuldades para localizar candidatos que preencham suas exigências e pré-requisitos, e isso está ligado ao cenário de rápidas mudanças em todas as áreas. Alguns aspectos que antes eram diferenciais, como ter uma graduação, falar inglês e conhecer ferramentas do Pacote Office, hoje em dia fazem parte das condições básicas de candidatura. Agora, as necessidades das organizações estão mais específicas e complexas.
Cada vez mais, as novidades e tendências chegam com mais velocidade e drasticidade às profissões. Como resultado, há a necessidade de profissionais atualizados, que saibam lidar com as novidades, diferentes tecnologias, demandas da sociedade e maneiras de executar o trabalho.
Sendo assim, as empresas precisam buscar estratégias urgentes para lidar com esse problema, enquanto os profissionais devem pensar em maneiras de integrar esse grupo seleto de talentos para se destacar. Mas como será que isso é possível?
Como a empresa poderá enfrentar essa escassez de talentos?
Vamos começar com algumas dicas para os empregadores, que precisam estar cientes da sua responsabilidade dentro deste cenário desafiador.
1 – Compreender o que os talentos valorizam e focar na retenção
Ao mesmo tempo que as companhias estão mais exigentes, os melhores candidatos também passaram a ter suas listas de “pré-requisitos” na hora de buscar uma nova oportunidade. Por isso, tenha certeza de que a sua empresa está acompanhando os movimentos atuais e disposta a fazer algumas mudanças para atrair talentos.
Por exemplo, adotar medidas de flexibilidade e possibilidade de home office são fatores que deixam as organizações mais atrativas e, sendo assim, aumentam as chances de atrair talentos e conseguir retê-los.
Falando em retenção, nunca se esqueça que o trabalho precisa ser vantajoso e atrativo durante toda a jornada do colaborador. Não adianta vender uma oportunidade única e diferenciada durante o processo seletivo e, no dia a dia, não mostrar os diferenciais e motivos para que o profissional escolha permanecer na empresa.
2 – Modificar os processos de recrutamento e seleção
Você já parou para pensar que o “profissional ideal” pode ser completamente diferente do modelo na sua imaginação? O mundo mudou, as maneiras de trabalhar são outras e as características de um bom profissional também se modificaram ao longo dos anos. Contudo, muitos processos de recrutamento e seleção permanecem os mesmos.
Levar em consideração as forças de cada candidato, mesmo que eles não se encaixem no seu ideal, é um ótimo ponto de partida. A empatia ajuda a identificar pontos positivos onde você antes só enxergava problemas, e isso pode ser a “cereja do bolo” para sua empresa encontrar os talentos que tanto procura.
3 – Estar disposto a investir em capacitação profissional
O Brasil tem um grave problema de capacitação profissional, e por mais que essa questão seja multifatorial e exija o envolvimento de muitas partes para mudar, as empresas não podem deixar de fazer a sua parte.
No lugar de dispensar colaboradores que não têm as habilidades necessárias para o trabalho, por que não investir em um programa de capacitação profissional? Assim você consegue contribuir para o desenvolvimento das equipes e garantir que os times possuem as competências básicas para executar o trabalho.
4 – “Abrir a cabeça” para perfis profissionais diversos
Por último, é fundamental reconhecer que o perfil do “profissional ideal” precisa ser revisto. Muitos candidatos com grande potencial e força de vontade ainda são dispensados nos processos seletivos por conta de ideais e “manias” antigas, que precisam ser revistas.
Um exemplo é a seleção de profissionais de acordo com a instituição de formação. Essa prática, ainda muito comum em diversas empresas, valoriza mais o nome das instituições do que o desempenho e força de vontade dos candidatos. Isso resulta em times parecidos, que têm o mesmo perfil de profissionais e, consequentemente, encontram dificuldades para inovar, pensar em soluções diferentes e trabalhar com a criatividade.
O que o profissional deve fazer para se tornar mais qualificado?
Mas e os profissionais, o que podem fazer para vencer essa situação e se destacar no mercado?
1 – Acompanhar o mercado de trabalho
O primeiro passo para integrar o grupo de “talentos” é acompanhar o mercado. Você precisa estar de olho nas tendências, novidades, novas tecnologias e o que as empresas valorizam. Dessa maneira, fica mais fácil direcionar os seus esforços e buscar, sempre, ser um profissional dedicado e comprometido com a sua carreira.
2 – Investir em habilidades técnicas
Isso, inclusive, passa pela necessidade de ter o domínio de habilidades técnicas. Esse ponto é indiscutível e precisa ser sua prioridade, afinal, se você não tem as competências técnicas que um emprego requer, você provavelmente vai ser eliminado ainda nos primeiros estágios de um processo seletivo.
Aqui é importante ressaltar que a graduação não é mais um diferencial. Para muitos empregos, ela é apenas o básico, o que significa que você precisa ir além. Busque conhecimento constantemente, invista em você e nunca pare de estudar. Faça cursos, aprenda novos idiomas e não deixe de fazer uma pós-graduação.
Com uma especialização, você consegue direcionar os holofotes para o seu currículo, afinal, o mercado precisa de profissionais altamente qualificados, e é isso o que uma pós te entrega. Ela te faz mergulhar em um assunto específico da sua área e te transforma em um especialista, algo que todas as empresas buscam e valorizam.
3 – Mas não se esquecer das soft skills
Contudo, não deixe de considerar as habilidades comportamentais, as famosas soft skills. Elas representam a maneira como você se comporta e lida com o trabalho, e hoje em dia, pesam tanto quanto as habilidades técnicas em um processo seletivo.
As empresas já entenderam que o branding pessoal, habilidades comunicativas, liderança, saber trabalhar em grupo e ter empatia, dentre diversos outros exemplos, são características que fazem toda a diferença no cotidiano corporativo.
Como muitos profissionais não se importam com o desenvolvimento das soft skills, elas se tornaram mais um dos motivos para tamanha escassez de talentos no Brasil. Então, se você quer superar esse obstáculo e se tornar um profissional de sucesso, não deixe de priorizá-las.