Para contribuir com a crescente demanda por inclusão e diversidade nas empresas, um dos processos que vem se popularizando é o recrutamento às cegas. Nessa versão, algumas informações são omitidas. Com isso, o RH conta apenas com o contexto profissional do candidato para tomar sua decisão.
Por mais imparciais que tentem ser, os especialistas em recrutamento e seleção também podem acabar excluindo determinados grupos em favor de outros. Isso acaba aumentado as possibilidades de discriminação de gênero, raça, idade e condição socioeconômica, o que amplia as diferenças sociais nas organizações.
O modelo às cegas, em que não aparecem informações como nome, endereço e idade, permite que esses profissionais sejam avaliados apenas por suas realizações profissionais. Isso abre espaço para que um grupo mais diverso avance nas etapas do processo seletivo.
Por que apostar em diversidade?
Empresas que apostam em diversidade veem seus resultados aumentarem, entre outros benefícios. Promover um ambiente mais inclusivo fortalece a cultura organizacional de uma empresa, faz com que as pessoas se engajem mais e ainda pode impactar diretamente na produtividade.
Ainda assim, nem todas as organizações estão determinadas em criar um ambiente diverso. Na verdade, a maioria ainda não tem nenhuma meta concreta para diversificar seu quadro de colaboradores.
Segundo um relatório da McKinsey sobre diversidade no mercado de trabalho da América Latina, apenas 32% das empresas indicam ter ações ou programas voltados para funcionários com condições socioeconômicas menos favoráveis.
A consultoria aponta oportunidades para que as organizações mudem esse cenário, como oferecer treinamento corporativo, melhorar o senso de pertencimento dos colaboradores e reestruturar os processos de recrutamento.
Quais dados são excluídos do recrutamento às cegas?
A ideia principal do recrutamento às cegas é dar mais oportunidade a profissionais que, em outras situações, podem não ser considerados. É justamente por conta do viés inconsciente que até mesmo o nome pode ser discriminado. Portanto, o ideal é omitir qualquer informação que possa gerar um juízo de valor em relação à pessoa.
Com isso, os dados omitidos do recrutamento às cegas podem incluir:
- Nome
- Data de nascimento
- Gênero
- Residência
- Cor da pele
- Local de formação
Todas essas questões podem influenciar a decisão de escolher um profissional e acabam tirando seu mérito. Por exemplo, omitir a data evita que profissionais muito jovens e especialmente mais velhos sejam excluídos da seleção.
A residência também pode gerar incertezas, ou pela distância, ou por apontar um recorte social do candidato. Novamente, essas questões não são impeditivas de sua capacidade profissional, portanto não deveriam ser consideradas na avaliação.
Como fazer um recrutamento às cegas?
A única forma de fazer essa triagem omitindo essas informações é por meio do uso de tecnologia. Existem softwares específicos para ajudar no processo seletivo que podem ser configurados para tirar esses dados antes de apresentar o currículo para a empresa. Assim, os recrutadores só verão a experiência profissional e as soft skills.
Com a ajuda da tecnologia é possível fazer essa seleção e, então, utilizar critérios estritamente profissionais.
Até mesmo a etapa de entrevista pode ser feita às cegas, também utilizando softwares. Plataformas que permitem distorção de som e imagem podem facilitar esse processo, assim o recrutador tem a oportunidade de falar virtualmente com o candidato, fazer as perguntas necessárias e avaliar sua desenvoltura, ainda sem saber exatamente quem ele é.
Quais são as vantagens e desvantagens do recrutamento às cegas?
Como falamos acima, o principal motivo para promover um recrutamento às cegas é aumentar a diversidade nas empresas. Mas esse processo ainda tem outras vantagens, confira:
Fit cultural
Ao expandir as possibilidades e olhar além do que faria visualizando os candidatos, aumentam as chances de encontrar profissionais que se encaixam com a empresa. Isso significa que eles têm os mesmos objetivos e visão de mundo, bem como se sentirão motivados para apresentar inovações e se envolverem no desenvolvimento da organização.
Melhores resultados
Diversas pesquisas realizadas no Brasil e no mundo apontam que empresas diversas apresentam melhores resultados, sejam eles financeiros ou de produtividade. Ao ampliar a busca e não se limitar a determinado perfil, a empresa expande seu repertório e conta com pessoas com experiências distintas de vida para solucionar problemas e inovar.
Além disso, estudos apontam que empresas diversas são 21% mais lucrativas, ou seja, se atentar a esse aspecto também tem repercussões econômicas.
Engajamento
Quando a empresa busca ativamente envolver a equipe, ela aumenta o senso de pertencimento. Com isso, os profissionais veem mais valor do trabalho que executam, nos produtos e serviços que a organização oferece e se sentem mais engajados para propor soluções.
Embora não tenha grandes desvantagens, esse processo pode gerar um recrutamento um pouco mais demorado e com processos um tanto limitados. Quem não quiser usar técnicas diferentes para conversar com esse potencial colaborador pode não ter acesso mais aprofundado sobre quem ele é e as etapas até a contratação podem tomar mais tempo.
Investir em inclusão exige profissionais com o conhecimento adequado para promover processos que promovam a igualdade. Com uma especialização como a pós Anhanguera, recrutadores, líderes e gestores têm a oportunidade de conhecer ferramentas que amplie sua visão e os ajude a criar uma organização mais engajada com a igualdade.
Afinal, o recrutamento às cegas é apenas uma das etapas do processo para ampliar a presença de profissionais de diferentes origens e com bagagens distintas.