Estamos em uma era em que a maioria das pessoas têm relação com a prática da fotografia. Com celulares e câmeras de alta qualidade na palma das mãos, milhares de fotos são registradas diariamente. Mas você já parou para pensar como chegamos até aqui? Uma coisa é fato: se hoje a fotografia cotidiana se expandiu tanto, parte dessa influência vem de um nome que influenciou o século XX: Henri Cartier-Bresson.
Conhecido como o pai do fotojornalismo e especialista em fotografia de rua, Henri Cartier-Bresson foi um dos fotógrafos mais importantes da história, atuando em diversas pautas como: guerra mundial, relatos cotidianos, urbanos e documentais, além de inovar as técnicas e abordagens fotográficas.
Henri Cartier-Bresson e o instante decisivo
Nascido em Chanteloup-en-Brie, Seine-et-Marne, em 22 de agosto de 1908, Cartier-Bresson tinha um estilo único de fotografar. Para ele, a fotografia era como “fixar a eternidade em um instante”, indo ao encontro do famoso conceito de “momento decisivo”.
Segundo Bresson, o instante decisivo é um segundo fugaz e significativo capturado pela câmera, um momento de equilíbrio entre a tela e a cena que será refletida. E era por isso que ele se deslumbrava e que buscava compartilhar suas imagens com outras pessoas. Inclusive, uma de suas frases mais marcantes, que representa muito bem cada detalhe de suas obras é: “fotografar é colocar na mesma linha a cabeça, os olhos e o coração”.
Portanto, quando Cartier-Bresson se referia a eternizar um momento, ele também estava dizendo sobre como eternizar as nossas memórias. Não à toa registramos tantos momentos por fotos. Regamos o costume de registrar os mais diversos cenários possíveis, seja de pessoas, cidades, prédios, animais e até refeições. Simplesmente para poder olhar depois e pensar: “como é bom ter uma foto disso”. Afinal, é bem provável que hoje você já tenha feito pelo menos um registro, não é mesmo? (Pode dar aquela olhadinha na galeria).
Resistência na fotografia
Cartier-Bresson com a sua inseparável Leica (sua primeira câmera, comprada em 1932 e que o acompanhou em toda sua jornada) retratou a China, a Índia, o México e até a Segunda Guerra Mundial. Em 1940, com a invasão alemã na França, Cartier, que na época colaborava com a Unidade de Filmes e Fotos do Exército, foi capturado e passou 35 meses fazendo trabalho forçado para os alemães.
Libertado em 1944, em um cenário caótico, o fotógrafo ainda encontrava em sua lente o suspiro de paz de que precisava. Em 1947, fundou em Paris a lendária agência Magnum Photos, ativa até os dias de hoje, com escritórios em Nova Iorque, Londres e Tóquio. A Magnum foi a primeira cooperativa da área de comunicação e de fotojornalismo a ser criada, fundamental para o desenvolvimento de fotógrafos, controles editoriais e imprensas.
Outro fato curioso aconteceu no final dos anos 60. Bresson, que já tinha uma longa carreira com a fotografia, também se dedicou à produção de documentários. Alguns de seus filmes expressivos são: “Impressions of California” (1969) e “Southern Exposures” (1971).
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A importância de seu trabalho e o legado para a fotografia mundial
Henri Cartier-Bresson foi um profissional que inventou uma cultura estética na fotografia. Certamente, o fato de ele ter estudado pintura também é um forte componente deste fato – isso aconteceu bem antes de ingressar na carreira documental. Em seus trabalhos, alcançou um estilo único, pouco explorado na época, modificando nosso modo de ver as fotos reais: puras, sem cortes ou edições.
Se pararmos para analisar, era como se ele tivesse a proporção áurea no olhar, que criava composições repletas de composições equilibradas, pronto para capturar os momentos mais significativos de uma cena. Compunha com precisão geométrica, dinâmica e com simetria e, provavelmente, por isso, suas fotos eram tão harmoniosas e originais ao mesmo tempo.
Por mais que sua especialidade fosse fotografia de rua, Cartier também colaborou com performances mais poéticas resultando em um portfólio repleto de retratos pessoais. Um deles é o “Domingo de Páscoa no Harlem”, com uma jovem de chapéu, registrado em Nova York, em 1947.
Cartier-Bresson faleceu em 2004 com 95 anos de idade, no sul da França. Hoje, seus registros funcionam como uma maneira de “educar o olhar” para aqueles que desejam estudar ou trabalhar com fotografia, entender mais sobre sua trajetória de vida ou apenas se encantar pela beleza e pelas composições de suas obras. Registros analógicos que se transformaram em ferramentas para uma sociedade digital em que tudo muda muito rápido, mas a memória se eterniza.
Sem dúvidas, Henri Cartier-Bresson moldou a fotografia moderna e inspirou diversas gerações. E aí, você já o conhecia? Aproveite e veja as opções de Pós-graduação em Ciências Sociais e saiba como fazer a diferença em diversas pautas para a humanidade também.