No mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, 05 de junho, é oportuno falar sobre um conceito que deve cada vez mais se popularizar à medida que empresas, lideranças e autoridades públicas buscam aliar desenvolvimento em consonância com a conservação ambiental: trata-se dos serviços ecossistêmicos que podem ser definidos como os benefícios da natureza para as pessoas.
O conceito ganha força conforme a degradação acelerada dos recursos naturais, muitas vezes ocasionadas em razão do uso e cobertura das terras, manejo inadequado do solo, água e biodiversidade, tem sido motivo de preocupação da maioria dos países desenvolvidos nas últimas décadas. Consequência da busca pelo desenvolvimento acelerado, a conversão de florestas em áreas agricultáveis, de pecuária, além do processo de urbanização e industrialização sem cuidados, impacta negativamente os ecossistemas terrestres e aquáticos.
Segundo a Convenção de Diversidade Biológica (CDB), a biodiversidade pode ser explicada como a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo os ecossistemas terrestres, marinhos e aquáticos, além dos complexos ecológicos dos quais fazem parte.
No caso dos serviços ecossistêmicos, eles são vitais para o bem-estar humano e para as atividades econômicas, podendo ser classificados de diferentes maneiras. A Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), publicada em 2005, classificava os serviços ecossistêmicos em quatro categorias: provisão, regulação, culturais e de suporte, também chamados de apoio ou habitat.
Já mais recentemente, passaram a ser consideradas pela Plataforma Intergovernamental da Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) e a Classificação Internacional Comum dos Serviços Ecossistêmicos (CICES), três categorias: provisão, regulação e culturais. Os serviços ecossistêmicos de suporte passaram a ser considerados, não como uma categoria, mas como funções ecossistêmicas que são necessárias para a produção de todos os demais serviços ecossistêmicos.
O doutor em ecologia, pesquisador e professor do programa de doutorado da Universidade Anhanguera-Uniderp, José Sabino, explica que a adoção do conceito que já existe há mais de três décadas, serviu para a aproximação de setores da sociedade antes refratários à ideia de conservação da biodiversidade.
Embora o conceito tenha sido criticado inicialmente por tratar a natureza de forma bastante pragmática, Sabino explica que mais recentemente diferentes frentes como a Plataforma Brasileira de Serviços de Biodiversidade e Ecossistêmicos e a Plataforma Intergovernamental da Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos têm trabalhado para tirar este estigma, sugerindo a adoção do termo “Contribuição da Natureza para as Pessoas”, cuja sigla adotada em inglês é NCP (Nature Contribution For People), o que seria uma forma mais inclusiva de classificar a relação homem-natureza, explica.
Para o pesquisador, as nomenclaturas devem conviver, mas o mais importante é que se entenda que a natureza conservada não é um empecilho para o desenvolvimento, e sim, uma aliada. Uma visão que precisa ser trabalhada de maneira mais ampla, principalmente, entre os tomadores de decisão, seja de empresas, ou governos.
Para citar um exemplo de como os benefícios podem ser mensurados em valores econômicos, destaca-se o ProEcoServ, projeto com quatro anos de duração do Programa da ONU para o Meio Ambiente que teve como objetivo integrar o valor econômico de ecossistemas nas políticas governamentais dos quatro países piloto. Estima-se que as nações participantes que foram África do Sul, Trinidad e Tobago, Vietnã e Chile, tenham conseguido identificar benefícios equivalentes a quase um bilhão de dólares, dando ênfase à conservação de ecossistemas adotados na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. O projeto que deixou um legado de governança aos países participantes, desenvolveu ferramentas que não só permitiu os tomadores de decisão acessarem o valor dos ecossistemas, mas que este valor integrasse decisões de investimentos e em modelos macroeconômicos.
Individualmente, cada um pode fazer sua parte e para quem ainda não pratica ações sustentáveis no dia a dia, alguns hábitos comuns ajudam a preservar o meio ambiente, e começar a praticá-los é simples: você pode trocar as sacolinhas de plástico pelas versões ecológicas, retirar aparelhos que ficam em stand by da tomada, optar por caronas, bicicletas ou mesmo caminhar em distâncias mais curtas, separar o lixo para reciclagem e reutilizar o que for possível. Desta forma, com pequenas, mas consistentes práticas, o futuro do meio ambiente é ainda mais promissor.