89% dos líderes acreditam que flexibilidade ajuda a construir times diversos: como fazer isso?

Nos últimos anos, as dinâmicas de trabalho mudaram de forma drástica. De repente, uma grande parte do mercado de trabalho transformou suas casas em escritórios e adaptou rotinas para essa nova realidade. É verdade que nem todos podem trabalhar de forma remota ou se acostumaram com o modelo, mas mesmo assim, essa mudança abriu novas discussões e identificou soluções, por exemplo, para a construção de times diversos.

À princípio pode parecer que os dois tópicos, diversidade de equipes e trabalho remoto, não têm muita relação, contudo, uma pesquisa encomendada pelo LinkedIn deixou claro como eles estão ligados entre si. De acordo com o levantamento, que entrevistou 250 executivos no Brasil no ano passado, aproximadamente 89% dos líderes acreditam que a flexibilização das configurações de trabalho pode contribuir para a melhora da diversidade em suas companhias.

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Para eles, ampliar os limites dos escritórios pode atrair uma ampla gama de profissionais e também aumentar as chances de candidatos que, presencialmente, teriam dificuldades para comparecer às empresas para participar de processos de seleção. Vamos entender melhor por que isso acontece?

Impacto do trabalho remoto na diversidade

Talvez você nunca tenha reparado, mas a locomoção, distância entre escritório e moradia e outras dinâmicas corporativas, como processos seletivos com horários inflexíveis, podem representar grandes dificuldades para algumas pessoas.

E você já pensou em quantos profissionais deixam de desenvolver seu potencial por morarem fora dos grandes centros? Nem todos têm a oportunidade de se mudar para as capitais, por exemplo, e as organizações também perdem grandes talentos por conta disso.

Além disso, não é raro encontrar pessoas que mentem o bairro onde moram na entrevista de emprego. O medo da rejeição por morar longe demais está por trás dessa prática, que pode estar com os dias contados por conta das novas políticas de flexibilidade.

A possibilidade de trabalhar de forma remota, portanto, significa abrir portas para profissionais motivados e capacitados, que só estão aguardando uma oportunidade no mercado de trabalho. E foi isso que a pesquisa do LinkedIn percebeu: a flexibilidade nas dinâmicas de trabalho durante a pandemia, especialmente no recrutamento, valorizou a pluralidade de perfis.

Assim, profissionais encontraram oportunidades que antes seriam impensáveis, e as companhias perceberam que precisam mudar e reconhecer ainda mais o poder da diversidade.

Por que apostar na diversidade de equipes?

Quando falamos de diversidade, é essencial entender que seus benefícios para o ambiente de trabalho são inúmeros. O primeiro deles é colocar em prática a ideia da responsabilidade social corporativa, tendo em vista que as empresas reconhecem que há um problema social e se engajam para fazer parte da solução. Neste caso, ela é o reconhecimento de talentos por meio da contratação de minorias que encontram barreiras no mercado de trabalho.

Mas além disso, ter diversos grupos sociais na sua equipe significa ter diversas opiniões, visões de mundo, ideias e formas de trabalhar. Assim, cada profissional pode compartilhar suas experiências, racionais e argumentos para enriquecer a equipe e formar um time robusto e completo, que vai ter um pensamento 360º para múltiplas situações. 

Essa variedade de pensamentos é muito valiosa para as organizações, mas frequentemente ela é perdida. Isso porque, muitas vezes, os vieses inconscientes e a pressa para concluir processos seletivos acabam privilegiando um perfil de profissional: aquele que é parecido com o recrutador, gestor e outros colaboradores.

É normal nos identificarmos mais com pessoas que se parecem conosco, e não falamos só de aparência. Ter o mesmo “pano de fundo” nos faz criar uma empatia quase automática pelo outro, e os exemplos poderiam formar uma extensa lista. Por isso, separamos as situações mais comuns: idades parecidas, o mesmo gênero, religião e experiências em comum ao longo da vida (estudar nos mesmos colégios e universidades, ter amigos mútuos, oportunidades e vivências parecidas por conta da realidade socioeconômica, etc).

E é assim que, sem nem perceber, podemos deixar de lado profissionais altamente capacitados e com uma rica experiência a compartilhar. Mas chegou a hora de mudar essa realidade, certo?

Como criar times diversos na sua empresa?

Para te ajudar a construir uma equipe com mais diversidade, listamos cinco ações que serão essenciais para esse momento na sua empresa.

1 – Revisar vieses inconscientes

Você já parou para analisar por que sua companhia não tem equipes diversas? Esse pode ser um problema estrutural, que se arrastou ao longo de anos até ser questionado, mas também pode ser uma falha humana nos processos, como explicamos há pouco.

Os mesmos mecanismos mentais que nos fazem gostar, ainda que inconscientemente, de alguém, também atuam para o lado oposto. Se você vai criar uma afinidade instantânea com quem estudou na mesma faculdade que você, por exemplo, existe a possibilidade de você recusar um candidato apenas porque ele se formou em uma instituição com menos expressão no mercado.

São os nossos vieses inconscientes, ou seja, julgamentos prévios que são responsáveis pela “primeira impressão” que temos de alguma pessoa. São casos como o estereótipo de uma faculdade que faz o RH descartar um currículo, ideias ultrapassadas sobre gênero que associam profissionais mulheres à iminência de uma gravidez e levam à contratação de mais homens, e também a dispensa de um candidato mais velho, que apesar de extremamente qualificado, pode “estar ultrapassado”.

Para recondicionar seus vieses e conseguir avaliar candidatos de forma mais imparcial e justa, é interessante se manter atento a esses sinais e trabalhar para mudá-los. Algumas dicas são estar sempre em contato com pessoas que vivem realidades diferentes e se expor a novas formas e conteúdos culturais. Além disso, estar em constante atualização na sua área te coloca em contato com o diferente, e investir em um curso de MBA também pode te ajudar.

2 – Treinar os profissionais de RH, mas não apenas eles

Ter um RH qualificado para lidar com as diferenças, e evitar contratações condicionadas por indicações e afinidade, é mais do que necessário no processo de construção de equipes diversificadas. Contudo, essa preocupação não pode parar por aí, e todas as áreas e colaboradores da empresa precisam estar engajados com essa nova realidade.

Podemos pensar nessa caminhada como a “Jornada da Diversidade & Inclusão” da sua companhia, que vai englobar todos os setores, comitê executivo e profissionais que fazem parte dela. Esse processo será longo, e pode ser interessante contar com treinamentos e parceiros especializados para esse investimento, que só trará benefícios no longo prazo.

Inserir a Diversidade & Inclusão na cultura empresarial pode abrir novas oportunidades, solidificar a reputação da empresa, aproximá-la da realidade da sociedade e melhorar os resultados das equipes.

3 – Repensar modelos de recrutamento

Como demonstrado pela pesquisa, os processos seletivos virtuais possibilitam a participação de candidatos de outras cidades, estados e até países. Eles abrem portas para os dois lados e mostram que mesmo em meio à adversidade, podemos encontrar soluções inovadoras.

Leia também: Liderança inclusiva: o que, de fato, o líder deve fazer para alcançá-la?

A necessidade de flexibilizar o recrutamento ficou clara, mas será que a alternativa online é a única resposta? Para atrair novos talentos e valorizar a diversidade de ideias, você também pode mudar a forma de divulgar vagas, analisar currículos “às cegas” e sugerir processos mais flexíveis, com etapas virtuais e presenciais, e também considerar a realidade dos candidatos. Muitas vezes, os profissionais em busca de uma nova posição já estão empregados, e sendo assim, nem sempre vão comparecer a entrevistas e dinâmicas no meio do dia.

Compreender essa questão é crucial para não perder a oportunidade de ter ótimos talentos na sua equipe, sempre lembrando de considerar quais são os limites e possibilidades da sua organização.

4 – Considerar políticas de flexibilidade e entender as escolhas dos profissionais

O deslocamento pode ser um fator determinante na hora de aceitar ou recusar uma proposta de emprego. Isso acontece especialmente em grandes cidades, onde as distâncias são grandes e a dependência do transporte público é uma realidade para muitos trabalhadores.

O processo pode ser desgastante e tomar muitas horas diárias, o que diminui a qualidade de vida dos profissionais, limita opções de lazer e pode comprometer o desempenho no trabalho. Além disso, vagas 100% presenciais também excluem candidatos de outras localidades, como já explicamos.

Sendo assim, quanto menos limitações geográficas, mais talentos você vai atrair. Então considere repensar o modelo de trabalho da sua empresa, levando em consideração as possibilidades e limitações de cada posição.

Em alguns casos, o ambiente de trabalho é essencial e não pode ser substituído pelo home office, mas em outros, é possível adotar muitos modelos. Aqui, o ideal é equilibrar os desejos e necessidades dos colaboradores com as possibilidades do negócio, oferecendo opções como vagas 100% remotas ou modelos híbridos.

5 – Não esquecer da inclusão

Garantir a diversidade de pessoas e ideias é apenas metade do processo, afinal, as organizações precisam garantir que seus colaboradores se sintam incluídos no ambiente. Em um contexto de “Jornada da Diversidade & Inclusão”, pressupõe-se que os esforços internos para mudar a cultura da empresa já englobam a necessidade de ter uma equipe com sentimento de pertencimento. Contudo, não podemos achar que tudo sempre estará perfeito.

A busca pela inclusão é um processo contínuo, que você pode acompanhar por meio de ferramentas como feedbacks periódicos, comitês identitários, revisão de processos antigos e a observação de seus times diversos. Colaboradores que não são incluídos frequentemente expressam essa situação no comportamento do dia a dia, e é importante estar atento a isso.

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